3/04/2011 6:00
O professor do futuro
Todo mundo é muito amigo do professor. Todo mundo ou quase todo mundo, anda chorando as pitangas, clamando que o professor precisa disto, daquilo. A questão é que não ocorrem, atualmente, propostas concretas, seja por parte do poder público ou dos movimentos organizados. Apenas uma lamentação infinita e indefinida.
Acontece que cada vez menos seres humanos querem ser professores. De fato, as pesquisas mostram isto. Se observarmos as escolas públicas verificaremos: alunos sem aulas, docentes de quatro qualidades (efetivos, efetivados, contratados, em regime probatório). Constataremos também que a maior parte dos filhos dos trabalhadores está tendo aulas proferidas por leigos (principalmente as disciplinas de química e física).
Todos são sabedores disto. Que os estudantes concluintes do ensino médio estão fugindo dos cursos de formação para professores, portanto vou poupá-los da continuidade destas informações e incorrer nas propostas concretas na forma de um indicativo de decreto-lei.
Iniciando com a questão salarial: que o mínimo de piso salarial não seja o máximo, mas que seu índice acompanhe os reajustes “autoajustaveis” dos deputados, senadores e vereadores.
Que se constitua o trabalhador em educação a partir de um plano para a sua carreira e não de planos que o incentivem a sair em carreira (fuga do trabalho, abstinência, síndrome de Burnout, etc.).
Que a jornada do professor seja de no máximo 40 horas semanais, sendo destas, 12 horas para atividades em sala de aula e o restante (28 horas) como preparação de aula, elaboração de atividades e sua devida correção, reuniões pedagógicas, reuniões do conselho escolar, da APM e de horário para atendimento à comunidade com dedicação exclusiva ao seu local de trabalho.
Como a pesquisa é fundamental para o exercício da docência será instituído um período sabático e de capacitação sendo que o professor terá direito a cada cinco anos, um ano de afastamento integral de suas atividades para participar de cursos de aperfeiçoamento especialização, com direito a receber seus proventos e mais uma bolsa de estudos. Caso o docente queira fazer seu mestrado ou doutorado, de igual forma ele terá direito garantido, após período de cada cinco anos de dedicação exclusiva ao serviço público.
Todos os professores receberão o “Kit Cultura” (já que está tão em moda falar em kit). O kit cultura será composto de uma coleção de clássicos da economia, da filosofia, da sociologia e da literatura romanesca. Fará parte ainda do kit: CDs de musicas clássicas, de MPB e de música raiz; filmes em DVD (escolhidos por diretores brasileiros conceituados); assinaturas em jornais, revistas e de TV paga e, finalmente, para superar o analfabetismo digital professoral, um notebook ou notebook.
Para completar, o docente gozará plenamente suas férias nos meses de dezembro, janeiro e julho (sem ser incomodado pelos seus superiores) e terá direito a um pacote de férias no fim ou início do ano e no meio do ano (conforme ele escolher e como bem lhe convir).
Bem, estas são algumas propostas viáveis que todos aqueles que estão tão preocupados com a saúde física, psicológica e operacional dos professores podem se tornar signatários. Esta pode ser uma forma de fazermos a revolução educacional que este país “tanto” precisa, e que tantos proclamam. Ah! Se estas pequenas sugestões alteram a qualidade da educação?
Antonio Bosco de Lima
Professor da Faced/UFU"